Aos palmos

Um metro e cinquenta e oito separa-me do chão. Com os meus olhos castanhos vejo o mundo. O meu corpo é apenas a redoma que mantém a minha alma em contacto com as coisas que me rodeiam. É um pensamento um tanto ou quanto egocêntrico ver as coisas assim, visto que me coloco numa posição em que eu mesma sou o foco.
Mas, eu sou o bicho que melhor conheço... Pelo que não faria sentido colocar outro alguém nesta posição. Talvez a distância entre os pés firmes assentes no chão e a cabeça que flutua entre as quatro paredes de ar mudasse. Ainda assim, outra pessoa qualquer veria aquilo que eu vejo de uma maneira totalmente diferente.
Não é por aí que quero ir, ainda para mais quando todos sabemos que há quem seja invisual mas que, ainda assim, consiga ver o mundo. Desse tipo de experiência, não posso falar e isso é válido para justificar a minha atitude egoísta em insistir em escrever textos meramente pessoais acerca do mundo e de como o percepciono.
Isto não quer dizer que por vezes não tente entrar na cabeça dos outros ou que não tente sentir como eles sentem. Contudo, longe da realidade dos outros eu estou porque, ainda que tente ver como eles, o que vejo e sinto é uma mera interpretação das suas emoções e sentimentos que passam através do meu próprio filtro.
Quem diz ser capaz de se colocar na pele de alguém, mente. Podemos aproximar-nos disso e compreender as mentes alheias. Mas nunca por nunca ser conseguimos ser outra pessoa. Não vou mentir e dizer que nunca tentei escrever como se não fosse eu. Tantas e quantas vezes escrevi acerca de momentos e de sentimentos que não me pertenciam. Mas, ainda assim, em tudo o que mete uma palavra vai um pedacinho de mim.

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