Senten(ce)ça #11

Tento descobrir-me nos entretantos, vírgulas e pontos finais. Não há nada de novo, continuo a ser eu mesma. Inocente pelos pecados não absolvidos. Culpada pelos crimes não cometidos.
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Cartas à Minha Mãe #1

Lisboa, 1 de Maio de 2013

Querida Mãe,

Ultimamente as coisas não andam bem. A ansiedade tem-se apoderado de mim.

Tenho vivido numa vala apertada, demasiado opressiva e descomedidamente sufocante. Enquanto estou no fosso vou deixando que um desconhecido o atulhe com pedaços enormes de terra, misturados com pedras afiadas que me atingem o crânio. Sobra o sangue que pinga lentamente entre os meus cabelos. Gosto de lhe tocar apenas para o sentir, não o quero limpar. Quero que se torne numa memória daquilo que estou a fazer a mim mesma. Por isso, espalho-o pela cara, pelos braços e pelas mãos. Provo-o com os lábios. É real. Mesmo estando a ser enterrada, sei que estou viva enquanto houver sangue para o corroborar.

Os dias têm sido difíceis e as noites têm sido ainda mais complicadas. É como se diz, as madrugadas trazem pensamentos e atrás deles vem, muitas vezes irreflectidamente, a vontade de tomar atitudes das quais nos arrependemos na manhã seguinte.

Tenho-me arrependido.

Comecei esta carta por sentir a urgência em expressar o que vai aqui dentro e não por ter tido vontade de te dizer alguma coisa. Aliás, se eu estivesse no meu perfeito juízo nunca teria partilhado isto contigo. Sei que te preocupas, talvez demais. Não te quero enlouquecer com a minha loucura. Não quero que saias porta fora. Quero que fiques. Será demasiado pedir-te que o faças para sempre?

Até logo,
Marta.
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Senten(ce)ça #10

Houve uma altura em que eu era feliz. Mas nessa altura era também ignorante.
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Random Advice #54


A inércia
é também uma opção.

Pintura de Willem Kalf - Still-Life with Porcelain and a Nautilus Cup
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A Different Advice #8

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As formas mais simples de mudar o mundo resumem-se a atitudes #2

Também houve uma vez que chovia que desunhava e ela não tinha chapéu de chuva. Parecia um pintainho lambido por um grand-à-nois. Eu tinha chapéu, emprestado pela Joana, porque não poderia a Joana emprestá-lo a ela também? Eu sou pequena, ela era pequena. Coubemos perfeitamente as duas. Vi-a aflita na passadeira, inquieta por o sinal estar encarnado e a chuva lhe começar a fazer mossa na cabeça... Aproximei-me o mais que pude, calculando uma distância segura no caso de ela não achar piada, e coloquei o chapéu da Joana sob as nossas duas cabeças. Não trocámos uma única palavra, só dois sorrisos anuentes, o dela em sinal de agradecimento e espanto, o meu em sinal de apenas estar feliz.
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Senten(ce)ça #9

O mundo lá fora espera-te para te poder julgar. São opiniões sinceras de quem não sabe amar.
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As formas mais simples de mudar o mundo resumem-se a atitudes #1

E daquela vez em que eu ia tão ocupada a observar os recortes que as árvores fazem no céu quando observadas por baixo que, quando olhei à minha volta no autocarro, estavam, pelo menos, três criaturas semelhantes à minha espécie a fazer o mesmo?
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Senten(ce)ça #8

Pessoas que têm desdém sobre algo são pessoas com medo de pensar relativamente a esse algo. Eu já pensei muito sobre diversas coisas e o objectivo nunca foi chegar a uma conclusão. 
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