Random Advice #44

Por aquilo que se passou, não interessa.
O que interessa é aquilo que se sentiu
ao passar por isso.

Pintura de Nicola Oliver - Recovery
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Até dez

Contei até quatro várias vezes e depois deixei-me ficar. Não me lembrava de mais. Sei que os sabia, mas os números não saíam. Olhei de novo para ti, à espera de alguma ajuda da tua parte. Apenas anuiste com a cabeça, como quem diz "está tudo bem". Queria lembrar-me mas a memória não mo permitia e, por mais esforço que fizesse, o cinco não me vinha à cabeça.
Quis chamar pelo teu nome, mas disse o nome errado. Já nem disso me recordava. Olhei para ti à espera de alento. Sempre foi essa a minha forma de sentir calma quando isto me acontecia. Apesar de não me recordar, tinha a sensação de que me percebias.
Algo mais distante de mim falhava, sem que eu pudesse ter qualquer tipo de controlo sob isso.
"Cinco", disseste tu. Não me fez qualquer tipo de sentido. Pareceu um número aleatório, deitado ao acaso no meio de uma conversa da qual nem tinha a mínima noção de estar a acontecer.
"Cinco ?", perguntei eu sem saber o porquê de o estar a perguntar. Por esta altura, já nem sabia quem tu eras e o que estavas ali a fazer. "Sim, cinco... É o número que vem depois do quatro", sussuraste tu num tom cansado e monocórdico, exausto por insistir ao fim de tantos anos.
"Um, dois, três, quatro, cinco...", apressei-me eu a contar enquanto tu sorriste e disseste:
- Amanhã, aprendemos o seis.
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Random Advice #43


Até nos pronomes pessoais,
o Eu vem no início e o Eles no fim.

Pintura de Mark Ryden - Madonna and child

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Random Advice #42

Pagar com a mesma moeda faz de nós
tão ou mais pecadores quanto a pessoa
que pecou em primeiro lugar.

Pintura de Marion Peck - An objecto that, for some reason, I am very fond of

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Random Advice #41


Pensar é a coisa
mais perigosa do mundo.

Pintura de Edward Munch - O grito

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Random Paint(h)ings in Head #6

Pintura de Marta F. Cardoso - Génesis
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Random Videos #2

Eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas... Será que há espaço para todos ?
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Random Advice #40


Na medida do impossível,
todas as possibilidades se conjugam.

Pintura de Nurhilal Harsa - Impossible

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Equações

Eu vejo o que vejo. E o que vejo é meu. O significado que dou às coisas que vejo é único, não se repete. Tal como o teu. És único também. Ninguém vê as coisas da mesma maneira que tu, ninguém as sente da mesma maneira que eu.
Existe um mundo lá fora por descobrir e eu quero vê-lo à minha maneira, com os meus olhos, com as minhas mãos, com o meu nariz, com a minha mente e com o meu sorriso. Quero vê-lo, cheirá-lo, senti-lo... Imaginá-lo. Quero encher-me do que ele me dá e partilhar isso com alguém que me queira igualmente encher daquilo que o mundo lhe dá a ele.
Nada se repete. Nada acontece da mesma forma.
Um dia, vimos o cor-de-rosa dos prédios a nascer, à medida que o Sol os ia descobrindo. Era como se a noite por um pano os tivesse coberto, escondendo a sua beleza das criaturas que vageiam pela escuridão. Vimos as infinitas tonalidades que compõem o céu e ainda iremos descobrir quantas ficaram por ver.
Era de madrugada. Passou rapidamente... Não deu para apreciar a inumeridade de coisas que o mundo tem de belo. Nem uma vida per si chegaria para conseguir fazer uma lista. Provavelmente, a lista ficaria feita... Mas sempre incompleta. O que importa é conseguir ir vendo e valorizando aquilo que o mundo nos dá, nem que seja um céu cinzento, uma folha castanha, um banco de jardim vazio, um livro não lido, um texto não escrito.
Um dia, iremos ver tudo isto de mãos dadas e de coração entrelaçado. Sem medos, nem pressas. Apenas sentindo o desejo intenso de partilhar o que cada um de nós vê naquela folha, naquele ramo, naquele tronco de árvore, naquele quiosque a abrir, naquela estrada abalroada, naquele navio que passa. E, enquanto partilharmos, seremos felizes. Puramente felizes.
Porque é por eu te dar o meu sorriso que tu sorris. E eu só sorrio se tu me deres o teu. Não faço ideia de como iremos resolver isto.
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Random Videos #1

As cores, o movimento, a focagem... O branco no branco. Genial.
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Random Advice #39


Não perdes a razão
por a dar.

Pintura de Anupong Chantorn - Hope in the dark

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Random Advice #38


Não há melhor nem pior.
Existo eu e, depois, tu.

Pintura de Kadinsky - Circles in circle
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Rotunda

Não vás por aí.
E eu, teimosa que sou, não vou...
Apenas porque quero perceber onde vai dar o caminho por onde me levas.
Seria de esperar, devido à teimosia, que fosse pelo caminho que eu bem queria. Mas é exactamente por causa dela que vou por onde me guias. Vamos ver onde isto vai dar. Eu sou teimosa e quero sabê-lo. E, se não me mostrares um destino agradável ou me confundires com as esquinas que terei de cruzar, com as subidas que terei de enfrentar ou até mesmo com as descidas a pique que terei de descer, deixarei de ser teimosa de uma só vez. Nessa altura, não vou mais querer saber por onde me levas, se me levas ou como me levas. Vou deixar de querer que me embales.
Quero que me guies, mesmo sabendo que sei guiar-me a mim mesma. Se escolhi ir pelo teu caminho ou por aquele que me mostras, aproveita-me nesse sentido. Pois posso, numa noite ou num dia qualquer, mudar o rumo da teimosia e passar a ser meramente egocêntrica. E aí, meu bem, nunca mais terás notícias. Ou, se as tiveres, irás lê-las noutro lado que não nos meus olhos, nas minhas mãos ou na minha boca.
Por isso, faz proveito do facto de eu ser teimosa e de querer seguir as coordenadas que me vais dando. Se me perder, tanto melhor. O objectivo não é, de todo, encontrar-me. Não faças disto uma rotunda. Eu não quero andar sempre à volta do mesmo.
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Advice from Others #3

Quando alguém deixar de te dar amor,
Pensa que há quem viva do teu calor.

Ornatos Violeta - Coisas (O monstro precisa de amigos)
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Random Paint(h)ings in Head #5

Pintura de Michael Austin - Red dress
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Quarenta e cinco graus

Há muito tempo que não tenho qualquer motivo para escrever. E também já há muito tempo que não pego numa caneta com o intuito de rabiscar seja o que for. Apesar disso, sei bem a falta que me faz libertar-me do que vai cá dentro. Por vezes, é-me suficiente ver os traços meio dissimulados das letras que vão formando palavras que podem, ou não, fazer sentido. Faz-me muita falta olhar para uma folha pautada cheia de letras redondas pintadas a azul.
Deixei a esferográfica pousada tempo demais. E só agora me apercebi que muitas vezes sinto o ímpeto, a vontade, o impulso... Mas não me sinto capaz. Por isso, não peguei na caneta desta vez. Vim escrever num teclado, enquanto olho para uma tela sinistra chamada de monitor. O teclado está sujo de cinza do tabaco que fumo e de impressões digitais das pessoas que por aqui vão passado.
Não fui sequer capaz de encarar uma folha. Meti tanto a caneta, bem como a folha bem perto de mim. A tampa foi retirada à caneta e posta de lado, como se dissesse a mim mesma que estou disponível para começar algo que nem eu mesma estou certa do que seja. A folha foi colocada a proveito para que pudesse escrever algo sincero. Mas não consegui. Quando olho, vejo apenas a esferográfica azul, a quarenta e cinco graus, pousada numa folha branca, imóvel, pura e limpa.
Sempre disse que nunca iria escrever neste blogue. Seriam apenas pensamentos aleatórios que viriam aqui parar. Parece que menti. Ou, simplesmente, as premissas mudaram e este texto faz parte da evolução. Gosto de pensar que se trata da segunda hipótese. Apesar da primeira não ser mentira.
Deste-me motivos para escrever e não sei se gosto disso.
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Random Advice #37

As pessoas têm direito a errar.
Mas, acima de tudo,
têm a obrigação de aprender com os erros.

Pintura de Lelan Gimnick - Network error
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